A psicanálise é uma prática que exige uma ampliação do conceito de razão, e não sua negação. Propõe uma razão que inclua o inconsciente, e se interessa por aquilo onde a ciência não da conta, representados pelas diversas queixas que chegam ao consultório, como por exemplo: “Estou procurando você porque o médico disse que a minha questão é de fundo emocional”, “Já tentei de tudo, mas não estou conseguindo controlar minha ansiedade” ou “Não sei o que acontece comigo, mas estou frequentemente sentindo esse mal-estar”.

Com a mudança do padrão social de controle da doença mental para o cuidado e promoção da saúde mental tivemos um avanço muito importante. Por outro lado, tivemos também um aumento das classificações de doenças, aumentos dos diagnósticos do mal-estar da infância e social, aumento dos casos de suicídios e aumento da medicalização da vida.

Na contramão desse movimento de adoecimento social, a clínica psicanalítica se fortalece e mostra sua eficácia sendo o caminho de despertar dos padrões traumáticos repetitivos para a reelaboração mais conscientes diante dos conflitos e escolhas da vida, pois como já era apontado por Freud em 1930, “A ciência moderna ainda não produziu um medicamento tranquilizador tão eficaz como umas poucas palavras boas”.